Preocupação fica por conta de áreas do centro-norte do estado, onde a falta de chuvas pode dificultar que estimativa total seja alcançada
O plantio do trigo chegou a 96% no Paraná, restando apenas a conclusão nas áreas mais frias do estado, de acordo com informações de Salatiel Turra, analista técnico do Sistema Ocepar. Neste inverno, a área paranaense do cereal irá atingir os 1,15 milhão de hectares, número 19% inferior ao da última safra, que foi de 1,415 milhão de hectares.
De acordo com informações de Turra, a área de trigo no estado para esta safra foi reavaliada, em junho, de 1,12 milhão de hectares para quase 1,15 milhão de hectares. Segundo ele, isso ocorreu por conta de uma decisão tardia de plantio por parte dos produtores de regiões mais frias, impulsionada pela reação dos preços em junho, e só não foi maior devido à baixa disponibilidade de sementes.
Mesmo com uma área menor, o Deral projeta um aumento de rendimento, que foi de 2,58 kg/ha na última safra, para 3,3 kg/ha. Com isso, a produção deve superar em 5% à de 2023, passando de 3,64 milhões de toneladas para 3,81 milhões de toneladas.
Porém, como aponto o técnico do Sistema Ocepar, há pelo menos 70 mil hectares onde as condições de lavouras são ruins e devem apresentar produtividades abaixo da média devido à ausência completa de chuvas no mês de junho, depois de um mês de maio com precipitações abaixo da média.
Como informou Turra, a preocupação maior é com a seca nas regiões da metade em direção ao norte paranaense. Como apontou Turra, existem áreas nessa região do Paraná em que não chove há 30 dias, podendo chegar a pelo menos 45 dias. Nessa região, podem ocorrer perdas para os primeiros trigos que foram plantados em abil.
Como detalhou o técnico, a seca prejudicou o “desenvolvimento da cultura e gerou perdas significativas no potencial produtivo, especialmente nas lavouras semeadas mais cedo ou ‘no pó’. Estas apresentaram baixo crescimento, folhas amareladas, germinação lenta e desigual, além de menor número de perfilhos”.
“Outro problema relatado é o aumento na incidência de pulgões. No entanto, uma parte importante das lavouras foi beneficiada pela volta das chuvas, inclusive para a finalização da semeadura. Recentemente, com a melhoria nos preços oferecidos pelo trigo, os produtores se animaram e foram em busca de sementes, mas havia pouca disponibilidade no mercado”, acrescentou Turra.
O registro de geadas a partir do último final de semana ficou limitado à região sul do estado, onde as plantas estavam em fase não suscetível a perdas por frios. Informações do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná apontam que esses locais tiveram pequeno atraso para início do plantio.
Preços do trigo se sustentaram em patar melhor durante o mês de julho
Turra informou também que os preços da saca de trigo no Paraná têm se sustentado em um patamar melhor do que no mês anterior, apesar do recuo das cotações internacionais. “O principal fator que leva a esta situação é a recente desvalorização do real, com o câmbio superando sistematicamente R$5,00 desde março deste ano e atingindo R$5,50 neste junho, valor aproximadamente 15% maior que o verificado há um ano. Além disso, ainda estamos no período de entressafra, com os preços de importação ganhando relevância na composição das cotações”.
Ele apontou também que as importações brasileiras de trigo entre janeiro e maio foram de 2,8 milhçies de toneladas, superando o volume importado no mesmo período de 2023 em 1 milhão de toneladas, por conta da menor oferta do cereal na safra anterior. O técnico acrescentou ainda que as cooperativas respondem por, aproximadamente, 55% da produção de trigo do Paraná.
Fonte: Notícias Agrícolas.