Safra mineira de cana-de-açúcar deve cair 7% neste ano

Os problemas climáticos que afetam as regiões produtoras de cana-de-açúcar estão promovendo a queda da produção. Em Minas Gerais, a estimativa é de uma safra cerca de 7% menor em 2021, podendo chegar a 65 milhões de toneladas de cana esmagada.

Com a queda, a produção de etanol hidratado está menor e, no acumulado da safra até 16 de setembro, já caiu 17% frente ao ano passado. Com a menor oferta e os preços da gasolina em alta, o que também afeta a cotação do biocombustível, os preços estão cerca de 80% maiores para os produtores.

A alta é considerada importante para a remuneração do setor, que acumula perdas geradas pela seca, queimadas e em alguns casos com as geadas.

O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, explica que 2021 tem sido um ano desafiador para a produção.

“Depois de 2020 ter registrado recorde de safra, nós tivemos uma seca muito severa, alguns episódios de geadas e agora o setor lida com incêndios na zona rural, o que também impacta na atividade. Por isso, a safra será menor. Em 2020 foram mais de 70 mil toneladas de cana e este ano devemos chegar a 65 milhões de toneladas. Até 16 de setembro, havíamos produzido 53,1 milhões de toneladas, ante 54,7 milhões de toneladas registradas em igual período de 2020, uma queda de 3%. Acredito que a gente tenha mais três quinzenas de safra, o que possibilitará o volume de 65 milhões de toneladas”, explicou.

Ainda segundo Campos, com a produção menor de cana-de-açúcar, o setor tem direcionado os volumes para a fabricação de açúcar, com o objetivo de atender contratos previamente fechados, e para o etanol anidro, que é adicionado na gasolina e o setor tem obrigação de manter a oferta. Com a movimentação, a produção de hidratado está menor.

Os dados do Siamig apontam para uma queda de 17% na produção do biocombustível no acumulado da safra até 16 de setembro. No mesmo período, a fabricação de anidro subiu 38%, enquanto a de açúcar caiu 2% e está em 3,5 milhões de toneladas. A fabricação de etanol total está em 2,22 bilhões de litros, alta de 2%.

“Nós, como produtores, temos a obrigação de ofertar etanol anidro, que é misturado na gasolina. Então, estamos priorizando esta produção, que no acumulado da safra está aumentando 38% se comparamos com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, o hidratado está caindo 17% em função também do mercado. Há uma migração do hidratado para a gasolina, que está com preços mais competitivos. A diferença dos preços do etanol hidratado e da gasolina está ficando menor e o consumidor faz as contas e vê que o etanol perdeu a competitividade”, explicou.

Preços em alta

Com a oferta menor, os preços do etanol hidratado estão mais altos para os produtores. O litro, sem impostos, nas usinas, está em torno de R$ 3,30, o que representa um avanço de 80% frente à cotação registrada em igual período anterior.

“Os preços do etanol estão sendo remuneradores para os produtores. Tivemos queda na produção e aumento de custo relacionado à inflação do Brasil e a preços dos insumos. Acreditamos que o produtor terá um resultado positivo, mas será muito desigual dependendo do efeito da seca nas diversas unidades produtoras do Estado”, disse Campos.

Ainda segundo Campos, a situação do etanol hidratado, em 2021, é bem diferente da dinâmica vista nos anos anteriores, quando o consumo estava crescente. Campos ressalta que além do clima, existe o processo de aumento da gasolina, do petróleo e do dólar. Tudo isso, afeta a relação de consumo.

“Estamos com restrição de oferta de hidratado e gasolina competitiva no mercado, é uma safra totalmente atípica. Vimos nos últimos anos, durante o período de safra, o etanol mais competitivo, mas este ano está diferente”.

Fonte: Diário do Comércio

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